Cálculo Renal
O Cálculo renal, também chamado Litíase renal ou “pedra no rim” é uma condição que ocorre quando pequenos depósitos minerais se formam nos rins e se acumulam ao longo do tempo. Esses depósitos variam em tamanho e composição e podem causar sintomas como dor intensa nas costas, sangue na urina e micção frequente e dolorosa.
Quando esses cálculos migram para o ureter (canal que transporta urina do rim até a bexiga), cursam com o bloqueio do fluxo urinário, causando obstrução e dor (cólica renal).
Tipos de Cálculo Renal
Os cálculos podem ser classificados de acordo com a sua localização no sistema urinário e por sua composição.
Pela localização podem ser renais (dentro do rim), ureterais (dentro do ureter, que é o canal que leva a urina do rim para a bexiga) ou vesicais (na bexiga).
Pela composição podem ser de vários tipos. Os mais comuns são de Oxalato de Cálcio, Ácido Úrico, Estruvita e Fosfato de Cálcio.
Quando pequenos, podem passar espontaneamente através do ureter e serem eliminados. Em alguns casos a migração do cálculo pode gerar obstrução da via urinária, levando à dor, sangramento e risco de infecção, fenômeno que chamamos de cólica renal.
Quais São Os Fatores De Risco Para Cálculo Renal?
Existem vários fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de desenvolver cálculos renais. Alguns dos principais fatores incluem:
Histórico familiar: Pessoas com histórico familiar de cálculos renais têm maior probabilidade de desenvolver a condição.
Gênero: Os homens têm maior probabilidade de desenvolver cálculos renais do que as mulheres.
Idade: O risco de cálculos renais aumenta à medida que se envelhece, sendo mais comum em adultos jovens e de meia-idade.
Dieta: Uma dieta rica em proteínas, sódio e açúcar, juntamente com baixo consumo de líquidos ( água, chás ou sucos) pode aumentar o risco de formação de cálculos renais.
Obesidade: Pessoas com sobrepeso ou obesas têm maior probabilidade de desenvolver cálculos renais devido a fatores metabólicos e alterações na excreção de substâncias na urina.
Desidratação: A falta de hidratação adequada pode levar à concentração de substâncias na urina, o que aumenta a formação de cálculos renais.
Condições médicas: Certas condições médicas, como hiperparatireoidismo, doença inflamatória intestinal, cistinúria , sedentarismo, pacientes acamados, uso de sonda vesical e infecção urinária aumentam o risco do desenvolvimento da doença calculosa do aparelho urinário.
Outros fatores: Fatores como histórico anterior de cálculos renais, imobilidade prolongada, cirurgia de bypass gástrico ( cirurgia bariátrica) e temperaturas ambientais altas também podem contribuir para o desenvolvimento de cálculos renais.
É importante ter em mente que a presença de fatores de risco não significa necessariamente que uma pessoa desenvolverá cálculos renais, e nem todas as pessoas com cálculos renais têm esses fatores de risco. No entanto, estar ciente dos fatores de risco pode ajudar na adoção de medidas preventivas, como manter uma dieta equilibrada, hidratação adequada e buscar orientação médica quando necessário.
Quais São Os Sintomas De Cálculo Renal?
Pacientes com grandes cálculos podem não sentir nada, enquanto pequenos cálculos podem provocar muita dor. Temos dois tipos de quadro – o do paciente com uma pedra no rim que não está se movimentando e o quadro de cólica renal, que ocorre quando o cálculo migra para o ureter (ducto que leva a urina dos rins para a bexiga), podendo haver a impactação do cálculo, o que pode provocar dor importante na região do rim e no trajeto do ureter.
Para a primeira possibilidade pode ocorrer dor na região lombar crônica, de um lado só das costas, em peso, com piora com exercícios e líquidos, associado com infecções de urina de repetição e sangramento na urina.
Já o quadro de cólica renal é um quadro agudo, que acontece de repente e é marcado por uma dor de início rápido e por vezes muito intensa. É comum sentir uma dor lombar aguda, unilateral, que tende a se deslocar para as partes mais baixas do abdome. Em alguns casos, os homens também sofrem um desconforto nos testículos e as mulheres, nos grandes lábios. Além da dor, o quadro pode ser acompanhado de problemas intestinais, náuseas e vômitos.
Sintomas associados:
- Cólica renal ou dor lombar de forte intensidade
- Náusea e vômitos associados à dor
- Sangramento urinário
- Infecção complicada
- Aumento frequência urinária e dor ao urinar
- Dor genital irradiada (testicular / grandes lábios)
Como Diagnosticar Cálculo Renal?
A suspeita do diagnóstico vem com a história e o exame físico. O exame mais indicado (“padrão-ouro”), com melhor mensuração do tamanho e características do cálculo é a Tomografia Computadorizada.
A ultrassonografia das vias urinárias, apesar de apresentar menor sensibilidade, é um bom exame inicial e, por vezes, suficiente.
Tratamento Do Cálculo Renal
O tratamento dos cálculos renais depende de alguns fatores, como sintomas do paciente, quantidade de cálculos, tamanho e localização deles. As opções vão desde o acompanhamento com reavaliações periódicas até cirurgias.
Tivemos um considerável progresso no manejo e tratamento cirúrgico de pacientes com cálculos em vias urinárias. Cálculos grandes ou aqueles que estão migrando e impactados em ureter superior são menos prováveis de eliminação espontânea. Quando a cirurgia é necessária, normalmente são realizados procedimentos extracorpóreos ou minimamente invasivos, nos quais os pacientes são tratados de forma extremamente eficiente e pouco invasiva, tendo altas taxas de sucesso e baixas de complicações.
Observação ou Vigilância:
A conduta expectante ou terapia expulsiva deve ser indicada quando os cálculos renais / ureterais são pequenos, assintomáticos, sem dilatação renal / ureteral associada e na ausência de infecção.
Ureterolitotripsia:
A ureterolitotripsia tem como principal objetivo a fragmentação e retirada do cálculo do ureter ou do rim, por meio do método endoscópico.
A grande vantagem da ureteroitotripsia, em relação às cirurgias abertas, é o próprio método endoscópico, que causa mínima invasão ao paciente, visto que não há necessidade de incisões ou cortes durante o procedimento.
A ureterolitotripsia é feita com a inserção do tubo pelo orifício da uretra, permitindo o acesso das vias urinárias com menor agressividade. A cirurgia endoscópica é feita em um centro cirúrgico, com o paciente sob anestesia, que pode ser geral ou local. Após a identificação do cálculo, o mesmo é fragmentado normalmente com uma fonte de energia a laser e após retirado com pinças específicas.
Para cálculos de ureter médio e baixo, normalmente utiliza-se o aparelho semi rígido, com grande taxa sucesso. Apesar considerada uma cirurgia, não há quaisquer cortes, pois é similar a uma endoscopia. Ao fim, o paciente pode ou não ter de ficar com um cateter duplo J, que será dentro do tempo estipulado pelo urologista, conforme cada caso (2-7 dias usualmente).
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Para cálculos de ureter superior e cálculos intrarrenais, comumente é utilizado o ureterorenoscópio flexível para acessar os cálices renais através da uretra. É um instrumento muito fino e delicado, que possibilita o acesso a todo o sistema coletor renal (pelve e cálices renais). ( Veja vídeo da realização de Ureterorenolitotripsia flexível).
Com as novas tecnologias de materiais descartáveis e aparelhos digitais, cada vez menos há restrições para acesso a cálculos em posições difíceis. É importante ressaltar que se o cálculo de dentro do rim é muito grande (em geral maior de 15-20mm), a possibilidade de cirurgia percutânea deve ser ponderada (Nefrolitotripsia Percutânea).
Nefrolitotripsia Percutânea:
A Nefrolitotripsia Percutânea é uma modalidade terapêutica indicada para os grandes cálculos renais, acima de 15mm a 20 mm (1,5cm a 2,0 cm) de tamanho e consiste em uma abordagem minimamente invasiva do rim com um aparelho chamado nefroscópio.
Sob anestesia geral, uma pequena incisão é feita na pele da região dorsal na altura do rim. Por meio desta incisão, realiza-se a dilatação do trajeto a ponto de se conseguir introduzir um aparelho fino diretamente no rim. Segue-se a isso a fragmentação e aspiração dos cálculos.
Os fragmentos resultantes são aspirados ou retirados com pinça. Atualmente, caso necessário e para melhorar os resultados, podemos associar as duas técnicas (com o ureterorenoscópio flexível pela uretra e com o nefroscópio através de um corte na lateral do abdome) no mesmo procedimento. Esta associação é chamada de ECIRS (Endoscopic Combined Intrarrenal). (Veja vídeo da realização do ECIRS).
Se você apresenta algum desses sintomas, procure um Urologista. Estamos à disposição para ajudá-lo.
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